Há muito tempo atrás, na velha Cordilheira da Borborema, na altura da Serra do Coité, existia uma nação indígena denominada SUCURUS. Viviam de coleta de frutas, plantavam e caçavam pássaros e pequenos roedores. Uma das maiores tradições era a “Festa do Caju”, onde se reuniam várias tribos para a troca anual de alimentos e objetos típicos e dançavam e bebiam a “Cajuína” (bebida extraída do Caju que acreditavam dar muita força e resistência).
Esta tribo situava-se abaixo de um despenhadeiro, onde jorrava de suas pedras água pura e cristalina, ladeada de enormes gameleiras e jatobás, atingindo com suas copas o cume da pedreira. Assim era a vida pacata dos felizes Sucurus.
Entre os guerreiros da tribo destacavam-se o índio TARENÊ (TARA, valente e ENÊ, beleza), por seu espírito de luta e liderança. Tudo em harmonia, até que um dia a tribo recebeu a inesperada visita de uma linda princesa, que a todos encantou. Sua pele era clara, cabelos como ouro de suas jóias, olhos azuis e brilhantes, nariz afilado, boca pequena e bem vermelha, e um vestido prateado. A moça parecia vir de uma terra distante e misteriosa. Ao deparar-se com Tarenê, cruzaram os olhares e sentiram-se atraídos pelo feitiço do amor. A princesa com a voz trêmula, falou: Meu nome é INÁ, venho das terras de além-mar.
O jovem e virtuoso apaixonado, queria casar com a jovem princesa. O grande chefe Sucuru ao tomar conhecimento não deu permissão para o pretendido desejo, pois quebraria uma tradição de um longo tempo entre os Sucurus. Tarenê, ficou muito triste e aborrecido e recolheu-se para meditar sobre o seu destino. Chovia bastante, noite escura, a princesa Iná dormia quando Tarenê entrou. Não contendo as lágrimas, contemplou-a e… não podia voltar atrás, com a pedra que trazia nas mãos, matou-a. Juntos ao seu corpo suas jóias e suas vestes e tomando-a no braços, sepultou-a numa caverna próximo à tribo. O guerreiro desesperado subiu uma grande pedreira e jogou-se abismo abaixo, na certeza de um dia encontrar com a amada na eternidade.
A tribo espantada consultou o feiticeiro sobre o mistério da morte da princesa e do guerreiro. Em silêncio, ele começou o ritual no sopé daquela grande pedra, perto do veio d’ água onde o mortal Tarenê caiu e na pedra escreveu uma mensagem enigmática. Rompendo o silêncio disse: “aquele que a decifrar desencantará e casará com a princesa e possuirá todo o seu reino e sua riqueza”. Serão inundadas todas as terras indígenas e sobreviverá apenas os dois que viverão para sempre. Até hoje, no Olho D’Água da Bica, na Serra de Cuité, continua gravada na grande pedreira esta mensagem, sob a proteção dos ferrões dos milhares de marimbondos, aos quais a natureza vem incumbindo esta árdua tarefa a séculos.